ESPÍRITO SANTO NA CRIAÇÃO?

Nos dias 09 e 10 de abril deste ano, todos nós Testemunhas de Jeová estaremos reunidos em nossos Salões do Reino para o estudo de a Sentinela, cujo tema e texto temáticos serão os mostrados acima.

      Porém, devido ao fato de que o artigo me chamou muito a atenção, resolvi fazer dele meu estudo pessoal desta semana. Para isso, como de costume – é indicado pela Associação e tem base bíblica – ativei as minhas “faculdades perceptivas” que são “treinadas para distinguir tanto o certo como o errado”. (Hebreus 5:14) Ao fazer isso, porém, algo terrível poderá me acontecer: Com frequência, as pessoas que não raciocinam, mesmo irmãos na fé, encaram de modo desfavorável os que usam suas faculdades mentais, conforme escrito em Provérbios 14:17: “O homem de raciocínios é odiado.” Mas isso não me incomoda muito. Afinal, 'tenho de obedecer a Deus como governante antes que aos homens' – Atos 5:29

Analisando as evidências textuais

      Assim, o primeiro raciocínio foi analisar os textos citados no artigo e ver quais deles indicavam que foi mesmo o “espírito santo” de Deus quem entrou em 'ação na criação', pois não me lembro. O texto temático, o Salmo 33:6, por exemplo, não diz isso. Ali diz claramente que foi “pela palavra” e “pelo espírito de sua boca” que Jeová 'fez os céus e os seus exércitos' (ou "as estrelas") . Não tem lógica alguma afirmar que o 'espírito da boca de Deus' seja o espírito santo. É mais provável que aqui esteja falando sobre a própria voz de autoridade de Deus. É como diz o Salmo 148:5: “Pois ele mesmo deu ordem, e foram criados”. Sim, o 'espírito' que saiu da boca de Deus foi sua “ordem” e esta tem poder! E a quem Deus deu essa ordem? Não ao espírito santo pois este não é uma pessoa para obedecer. Foi aos seus milhões de anjos – incluindo seu primeiro Filho, o pré-humano jesus – a quem a ordem foi dada e eles, claro, obedeceram.

     No parágrafo 4, embora Lucas 11:20 e Mateus 12:28 associem o “dedo” de Deus ao seu “espírito”, estes textos nada falam sobre a 'criação dos céus e da terra' e, igualmente, não há nada que indique que o Salmo 19:1 revele que as “mãos” de Deus sejam o espírito santo. Romanos 1:20 nem de longe menciona o “fabuloso poder do espírito santo de Deus”. E o que será que nossos irmãos do Corpo Governante querem dizer com “fabuloso”? Será que estão dizendo que o 'poder do espírito santo' é apenas uma fábula?

     No parágrafo 5, o texto de Isaías 40:26 é inserido no artigo para que se dê a impressão de que a “energia dinâmica” e “poder” ali mencionados são o equivalente do espírito santo – mas não há nada ali que apóie esta ideia.

Você vê as "evidências"?

      O parágrafo 6 afirma que “estamos cercados de evidências de que Deus usou seu espírito santo” na criação. Bem, até o dado momento nada vi que evidencie isso!

      Finalmente, no parágrafo 9, menciona-se o espírito (ou a “força ativa”) de Deus com relação à criação. Mas espere! O texto (Gênesis 1:2) diz apenas que esta força “movia-se por cima da superfície das águas.” Nada indica ali que foi através dela que Deus “criou os céus e a terra”.

      No parágrafo 10 também se afirma ali que “Jeová usou seu espírito santo para produzir solo seco” e cita Gênesis 1:9. Mas simplesmente ali neste texto nem mesmo a ideia de um espírito envolvido aparece. Igualmente podemos dizer dos textos citados no parágrafo 11.

      O parágrafo 13 passa a ideia de que Gênesis 2:7 diz que Deus 'usou seu espírito santo' para criar o homem. Mas leia você mesmo e verá que não há nada ali que indique isso! Na verdade, ao percorrer os textos nos parágrafos subsequentes – até o último –, por mais que eu quisesse ver nem que fosse um só texto que indicasse a 'ação do espirito de Deus na criação', este simplesmente não existe. Por quê será? Não são bem preparados os artigos de estudo? Não nos é informado que tais estudos representam nosso 'alimento espiritual no tempo apropriado'? - Mateus 24:45

     Sinceramente estou decepcionado. Nunca sequer imaginaria que meu estudo pessoal me revelasse coisas como estas.

Deus criou o Universo, as galáxias, as estrelas e nosso planeta com sua Lua?

      Vamos então analisar um outro aspecto deste artigo de estudo. Afirma-se neste artigo que o Universo e o planeta Terra foram criados por Deus. O artigo cita Gên. 1:1 como o texto base desta crença. Mas de acordo com um estudo pessoal minucioso sobre este texto descobri que ele não ensina isso, trata-se de uma crença equivocada.

      'Todos os outros textos bíblicos adicionais, na Bíblia, ao mencionar que Deus criou os céus, a terra e as estrelas, se baseiam nesta declaração inicial' - afirmamos nós Testemunhas de Jeová. Portanto, se assim fosse, se ali falasse realmente de uma 'criação do universo, das galáxias e estrelas e dos planetas - incluindo o nosso próprio, o planeta Terra -' então significaria que todos os demais textos, na Bíblia inteira, que falassem algo que nos fizesse sequer lembrar de determinada coisa ou ser vivo existente neste mundo, significaria que os Deuses criaram tais determinadas coisas, só porque assim queremos crer - mesmo que fosse uma bactéria, por exemplo. Certamente existem textos nas Escrituras que nos faria lembrar de tais seres e, assim, se quisermos, poderíamos interpretar que foram os Deuses quem os criaramsermos! Mas Gênesis 1:1 evidencia essa nossa crença particular, de que os Deuses 'criaram o universo e tudo o mais', como nós, as Testemunhas de Jeová, cremos e ensinamos? Definitivamente a resposta a esta pergunta é um ressoante "NÃO"! Não, Gênesis capítulo 1 e versículo 1 não nos transporta às origens do universo, como queremos que fosse verdade!

      No entanto, usando minhas “faculdades de raciocínios”, (Romanos 12:1) passei a analisar esta crença estranha à Bíblia de um outro ângulo. Eu queria tentar imaginar como os anciãos do Corpo Governante conseguem persuadir a que nós, Testemunhas de Jeová em todo o planeta, aceitemos esse ensino fabuloso. Daí consegui ver o segredo!

Você foi "ensinado"?

      Observe, caro estudante, que logo de imediato, nos dois primeiros parágrafos do artigo, se menciona várias vezes as palavras “Universo”, “Galáxias”, “Estrelas”, “Céus” . . . “Terra”*. A menção destas palavras mágicas é primordial para que estejamos preparados para o que virá a seguir. O objetivo é que o leitor se familiarize (ou se hipnotize) de imediato com tais palavras para que, ao se citar os textos bíblicos que mencionam a criação dos “céus e da terra” tenhamos a impressão que estes são o mesmo que o “universo”, as “galáxias”, as "estrelas" . . . e o “planeta Terra”.

      Leia agora o paragrafo 2 e verá que o que falo tem sentido. Eu mesmo ficaria maravilhado com a declaração de Gên. 1:1 novamente, onde diz que Deus teria criado 'o Universo e o planeta Terra'. Não fosse pelo fato de que eu já tivesse estudado esse texto e viesse a conhecer a verdade ali expressa – de que os “céus” ali não é o Universo e “a terra” ali não é o inteiro planeta Terra – passaria a me maravilhar com tamanho poder que Deus tem. Mas para nós, os que temos uma boa ideia do que é o nosso assombroso universo, torna-se um ensino fabuloso demais para ser real. Veja o estudo aqui.

     Não, definitivamente Deus não criou o Universo, as galáxias, as estrelas (incluindo a nossa estrela – o Sol) nem tampouco o planeta Terra.

A verdade bíblica - sobre "a luz"

     Quando Deus (ou os Deuses) 'criou a luz' (Gên. 1:3, 4) bem como 'o dia e a noite' no primeiro dos 'dias' criativos, não foi de modo literal que tudo isso aconteceu, mas sim de forma simbólica. Mas que este trabalho fazia parte da 'criação dos céus' podemos perceber pelo simples fato de que, para que se 'viesse a haver luz' teria-se de mexer nas densas nuvens e camadas atmosféricas (sim, dos "céus") até que estas se afinassem e a luz do já existente Sol penetrasse até a superfície escura do planeta.

Sobre "os céus"

     Quando Deus (ou os Deuses) 'criou' a “expansão” (Gên. 1:6-8) no “segundo dia”, não foi algo que ele 'criou' do nada e tampouco foi um Universo o que Deus criou aqui. Significava que as já existentes águas do planeta se evaporariam para fazer as nuvens de vapor d'água e subissem para a atmosfera, chamando-a de "expansão". A esta expansão Deus chamou de “Céu” e este “Céu” era a principal parte dos "céus” de Gênesis 1:1.

Sobre "a Terra"

      Quando Deus (ou os Deuses) disse para que aparecesse “a terra seca”, isso não significava o nascimento de um planeta e sim que esta “terra” (ou solo produtivo) se elevasse acima do nível do mar. As poucas porções de terra que existiam então encontravam-se, como disse Pedro, 'compactas à água'. (2 Pedro 3:5) Consequentemente, ao aparecer a terra seca nasceria a vegetação. Note que Deus chamou foi esta terra de “Terra” (com “T” maiúsculo) e foi somente muitos milhares de anos depois que nós humanos associemos o nome de nosso planeta de "planeta Terra" (com "T" maiúsculo). Após a "Terra" elevar-se das águas, Deus deu a ordem para que se 'plantasse' toda espécie de vegetação. Tudo isso aconteceu no “terceiro dia” - Gênesis 1:9-13.

Sobre os corpos celestes

      Quando Deus (ou os Deuses) decretou no “quarto dia” (Gên. 1:14-19) que houvessem “luzeiros” nos “céus”, então o Sol, a Lua e as estrelas tornaram-se visíveis. Isto se deu porque as densas nuvens de gases finalmente se dissiparam. Deus não criou esses luzeiros de modo literal. Eles já existiam há muitos bilhões de anos, e não há nada na Bíblia ou externo a ela que sequer indique que foi Deus quem os criou realmente. Esta parte da 'criação' é a única que fala explicitamente de objetos que fazem parte do Universo fora do planeta Terra mas que definitivamente não foi Jeová ou o espírito santo quem os criou, não literalmente.

Sobre a vida animada

    Já com respeito aos “dias” “quinto” e “sexto”, que trata da criação de vida animal e humana, não ousarei descrever exatamente como se deu esse processo pois este assunto será objeto de um profundo estudo bíblico futuro. Terei de levar em consideração as vidas que o escritor de Gênesis desconhecia completamente – os dinossauros que viveram aqui a mais de 60 milhões de anos, por exemplo, e outros seres que teriam desenhado e pintado figuras pré-históricas nas cavernas em várias partes do planeta em épocas mais recentes, a mais de 30 mil anos atrás. Será que Adão e Eva foram realmente os primeiros racionais que passaram por este planeta?

      Com todo este esclarecimento, posso afirmar com certeza que, como conclui o parágrafo 20 do artigo de estudo da revista, estou 'fazendo meu máximo para ajudar outros a aprender sobre Jeová e suas obras grandiosas que ele criou'. Creio que ao fazer tudo isso, estou sendo 'guiado pelo espírito de Deus' a ajudar mais pessoas a, também, ter um bom estudo das Escrituras e venham assim a aumentar a sua fé nos ensinos da Bíblia.

 

*Na verdade, como poderá observar, sublinhei muitas palavras semelhantes para que ficasse mais fácil o leitor notar o trabalho sutil que é fazer-nos crer num ensino que infringe diretamente a regra bíblica de 'ir além das coisas que estão escritas.' – 1 Coríntios 4:6